Nunca demorei tanto para escrever tão poucas palavras. Acho que não.
Foram vários pedidos para que eu escrevesse, de diferentes bocas e formas, com diferentes argumentos. Mas todos pediam para que eu escrevesse uma mesma coisa: o que se passa na minha cabeça. E esse é o problema.
Primeiro, porque eu não fui treinada para escrever sobre o meu conteúdo (como repórter e editora o objetivo era a fidelidade sem comentários ao conteúdo alheio).
Segundo, porque eu não conheço o meu conteúdo - se conheço, terei que admitir que tenho medo de abrir a minha "Caixinha de Pandora".
Mas enfim... vou escrever. Claro que não sem buscar antes um respaldo em Fernando Pessoa:
(O Guardador de Rebanhos - Alberto Caeiro)
Amanhã, eu continuo. Acho que este poema de Pessoa já é suficiente para meditar por muito tempo. Dependendo do seu ritmo e profundidade, por anos - como eu fiz.
XV - As Quatro Canções
As quatro canções que seguem
Separam-se de tudo o que eu penso,
Mentem a tudo o que eu sinto,
São do contrário do que eu sou ...
Escrevi-as estando doente
E por isso elas são naturais
E concordam com aquilo que sinto,
Concordam com aquilo com que não concordam ...
Estando doente devo pensar o contrário
Do que penso quando estou são.
(Senão não estaria doente),
Devo sentir o contrário do que sinto
Quando sou eu na saúde,
Devo mentir à minha natureza
De criatura que sente de certa maneira ...
Devo ser todo doente — idéias e tudo.
Quando estou doente, não estou doente para outra cousa.
Por isso essas canções que me renegam
Não são capazes de me renegar
E são a paisagem da minha alma de noite,
A mesma ao contrário ...
Amanhã, eu continuo. Acho que este poema de Pessoa já é suficiente para meditar por muito tempo. Dependendo do seu ritmo e profundidade, por anos - como eu fiz.
e aí vc começou... muito bem! vamos lá! bj
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