segunda-feira, 1 de junho de 2009

Um dia de nascimento e morte na mídia brasileira

Em geral, as damas não gostam que comente a sua idade. Mas neste caso, vale a pena.

A imprensa no Brasil já é uma senhora – 201 anos - que nasceu clandestina e enfrenta hoje o desafio mortal da internet.

No dia 1º de junho de 1808 começou a circular o primeiro jornal brasileiro, o Correio Braziliense. Com "Z" mesmo.


Ele era editado em Londres. Isso não era um luxo. Era um “jeitinho brasileiro”, pois a “Coroa Portuguesa” (não é ironia) proibia a impressão e a circulação de qualquer tipo de jornal ou livro aqui em terras tupiniquins.

Ele entrava ao Brasil clandestinamente. Vinha nos porões dos navios que transportavam mercadorias e escravos.

Talvez valesse a pena comemorar a data.


Mas o dia de hoje também marca o fim da edição impressa de um dos jornais mais tradicionais do Brasil, com quase 90 anos de existência – a Gazeta Mercantil.

Hoje a Gazeta Mercantil deixou de circular.

Desde a década de 80, a Gazeta enfrentava crises financeiras, segundo o site “O Jornalista”.

O caso da Gazeta Mercantil chama atenção de todos porque o jornal foi um dos melhores e referência na área econômica.

Mas crise financeira não é privilégio da Gazeta Mercantil.

Os estudiosos da comunicação, alguns anos atrás, juraram de pés juntos a todos os alunos e profissionais – novatos ou não – que a internet não iria acabar com o jornal impresso.


Garantiram que toda vez que surgia uma mídia nova, os pessimistas anunciavam o pior. Asseguraram que o jornal e o jornalista iriam encontrar seu espaço e seu novo papel dentro do cenário que a internet trazia.

É verdade que os jornais impressos estão resistindo bravamente. Mas também é verdade que ainda não encontraram seu novo papel, seu novo espaço.

Neste dia marcado por nascimento e morte na imprensa brasileira, quero fazer uma pergunta na condição de jornalista profissional e também de “estudiosa meia-boca” da área de comunicação:

Depois de acompanhar o Twitter durante todo o dia, com atualizações tão imediatas, objetivas (140 toques) e variadas sobre o caso do avião da Air France – para que eu vou comprar o jornal de amanhã?

Ou ainda: para que eu vou assistir o Jornal Nacional hoje à noite?

Nenhum comentário:

Postar um comentário